01/ABRIL/2023-2024 – FITIASP
7 em cada 10 indústrias de São Paulo provisionaram recursos para pagamento do 13º salário
Apenas 9,8% das indústrias pretendem recorrer ao financiamento bancário para realizar o pagamento
Nova edição da pesquisa Rumos da Indústria Paulista, conduzida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostra que quase 7 em cada 10 indústrias do estado provisionaram recursos para o pagamento do 13º salário de 2024. Este é o maior percentual da série histórica. As indústrias que pretendem recorrer aos bancos representam apenas 9,8%: a menor participação desde 2008.
A média percentual da folha de pagamentos do 13º salário a ser solicitado aos bancos em 2024 é de 71,4 – também a menor desde o início deste levantamento. Para 67,9% das indústrias paulistas que solicitaram o financiamento bancário, o custo está mais alto ou muito mais alto que o ano anterior. Entretanto, é a menor fatia de indicação dos últimos quatro anos (2021: 88,6%, 2022: 80,3% e 2023: 71,4%).
Com relação ao prazo de pagamento, 75,0% indicaram ser o mesmo do ano de 2023.
Motivações
O motivo de praticamente 9 em cada 10 empresas não solicitar financiamento bancário se deve principalmente à utilização de recursos próprios (79,5%). Entretanto, nota-se a observação indicada na resposta outros (8,5%) que as taxas de juros estão em patamares elevados.
Vendas
Quanto às vendas de final de ano, 38,8% indicaram que será igual ao ano passado, 33,2% que será maior e apenas 28,0% menor que o ano anterior.
Entretanto, a variação média para as vendas de final de ano é de queda de 2,7% em relação ao mesmo período de 2023. Quinto ano seguido com esta percepção (2020:-3,1%, 2021: -0,5%, 2022: -4,2% e 2023: -6,6%).
Ainda assim, 47,9% dos respondentes indicaram que os pedidos estão ocorrendo no mesmo momento.
Vagas
Mais da metade das indústrias paulistas está com vagas em aberto. Porém, essa fatia dos respondentes percebe que há falta de qualificação técnica dos candidatos (54,5%), ausência ou poucos candidatos às vagas (46,5%) e falta de experiência (42,3%).
As principais vagas em aberto estão relacionadas ao ambiente de produção, como operador de produção, torneiro CNC e mecânico, entre outros.
Atualmente, os motivos apontados para a falta de mão-de-obra são: falta de interesse, falta de qualificação, falta de comprometimento, além de ligação com a geração mais jovem e com o governo (devido a benefícios sociais).
Confira a pesquisa completa aqui
Indústria pode crescer mais do que os 3,1% indicados pelo IBGE, frisa Ciesp
Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ao analisar o crescimento de 3,1% da atividade no acumulado do ano até setembro, anunciado pelo IBGE nesta sexta-feira, salientou que o seu desempenho, embora os números sejam positivos, poderia ser ainda mais expressivo se contasse com políticas de fomento eficazes e de longo prazo. Políticas de Estado, não de Governo. “É crucial trabalhar para que sua expansão seja cada vez mais substancial e sustentada”, afirmou.
“Também é importante entender que o Custo Brasil, de R$ 1,7 trilhão anual a mais em relação à média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), tem peso imenso sobre uma atividade que, para ser mais competitiva, precisa investir de modo permanente – e muito – em máquinas, equipamentos, tecnologia e recursos humanos qualificados”. A economia não tem favorecido esse cenário, segundo Cervone.
Além dos tributos exagerados, os ônus dos juros, a insegurança jurídica e os custos trabalhistas elevadíssimos que permeiam a economia nacional, a indústria é atingida por medidas pontuais nocivas. “Para citar apenas dois exemplos, lembro a tributação das subvenções para investimento e custeio (incentivos de ICMS – Lei 14.789/2023), que acarreta perdas estimadas em 25,9 bilhões de reais, e a limitação temporal ao aproveitamento de créditos tributários federais decorrentes de decisão judicial (Lei 14.873/2024), com perdas estimadas em 24 bilhões”, acentua o presidente do Ciesp.
Na expectativa de que a reforma tributária racionalize os impostos e que os demais obstáculos que atingem o setor sejam removidos, Cervone espera que tenham êxito dois planos lançados este ano: Depreciação Acelerada, que favorece investimentos em modernização, e o programa Nova Indústria Brasil (NIB), que prevê financiamentos de RS$ 300 bilhões até 2026. “Reduzir os custos e viabilizar investimentos é determinante para promover a modernização, competitividade e produtividade da indústria nacional”, afirmou.
Para o presidente do Ciesp, os ganhos proporcionados pelo fortalecimento do chão de fábrica serão relevantes para todos os brasileiros, considerando o seu significado para o crescimento sustentado, como demonstram as estatísticas. Mesmo não tendo sido priorizado nas últimas décadas e enfrentando barreiras, o setor responde por 66,6% das exportações brasileiras de bens e serviços, 66,8% dos investimentos nacionais em P&D e 24,4% da arrecadação previdenciária. Mantém mais de 11 milhões de empregos formais (21,2% do total nacional) e paga os melhores salários. Também apresenta, dentre todos os ramos de atividade, o maior fator de multiplicação, gerando R$ 2,44 para cada R$ 1,00 que produz.
“Os números divulgados hoje pelo IBGE mostram a resiliência e capacidade de superação da indústria. O setor pode e precisa crescer de modo robusto e sustentado. Ao ganhar competitividade, criar mais postos de trabalho e ampliar a inclusão social, ajudará muito o Brasil a se tornar uma economia de renda alta”, enfatizou Cervone.
Os números do IBGE
Em setembro de 2024, a produção industrial brasileira subiu 1,1% frente a agosto, na série com ajuste sazonal. O resultado acontece após a variação positiva de 0,2% em agosto.
Na série sem ajuste sazonal, no confronto com igual mês do ano anterior, o total do setor cresceu 3,4% em setembro de 2024, marcando a quarta taxa positiva consecutiva. Com isso, houve avanço de 3,1% nos nove primeiros meses de 2024.
A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses, aumentou 2,6% em setembro, permanecendo com taxa positiva e intensificando o ritmo de expansão frente aos resultados de agosto (2,4%), julho (2,2%), junho (1,5%) e maio (1,2%) de 2024.
Fonte: Ciesp
Indústria paulista registrou aumento das horas trabalhadas na produção e das vendas reais no 3º trimestre
As vendas reais mostraram recuperação após estabilidade no trimestre anterior, indicam Fiesp e Ciesp
Variação mensal
Em setembro, três dos quatro componentes acompanhados na pesquisa Levantamento de Conjuntura (Fiesp/Ciesp) apresentaram crescimento no mês.
Aos 79,8%, o NUCI avançou 1,3 p.p. na comparação com o mês de agosto, atingindo o maior patamar de utilização desde dezembro de 2023 (79,9%). As horas trabalhadas na produção avançaram 0,7% na leitura atual e completaram cinco meses consecutivos de dados positivos. Os salários reais médios também indicaram alta, com variação de 0,6%.
Contudo, as vendas reais retraíram 1,3% em setembro frente a agosto, mês no qual também haviam contraído 1,0%.
Todos os dados contam com ajuste sazonal.
Variação trimestral
O 3º trimestre do ano foi positivo para a atividade industrial do estado de São Paulo.
Com altas de 2,2% e 2,1% na comparação com o 2º trimestre, as horas trabalhadas na produção e as vendas reais, respectivamente, foram os destaques no período comparado.
Os salários reais médios oscilaram próximo à estabilidade (+0,1%). Por sua vez, o NUCI retraiu 0,4 p.p. frente ao trimestre anterior.
Variação no ano
No acumulado de janeiro até setembro em comparação com o mesmo período do ano anterior, os salários reais médios variaram positivamente 1,4%, mantendo o dado da leitura anterior. As horas trabalhadas na produção avançaram 0,9%, em aceleração quando comparado com as últimas divulgações (-0,3% em junho, +0,2% em julho e +0,5% em agosto).
Todavia, o componente de vendas reais registrou variação acumulada negativa entre janeiro e setembro (-1,8%).
Dados sem ajuste sazonal.
Variação em 12 meses
Na variação em 12 meses, os salários reais médios permaneceram como destaque positivo, com alta de 1,2%, mantendo o ritmo de crescimento indicado em agosto.
As horas trabalhadas na produção, com crescimento de 0,3% nesta métrica, voltaram a figurar no campo positivo após 6 meses em sequência com dados acumulados negativos.
Por fim, as vendas reais, mesmo com variação de -5,4%, mantiveram a trajetória de recuperação nesta ótica desde o mês de março (-11,1%).
Os dados da variação em 12 meses não contam com ajuste sazonal.
Clique e conheça os resultados da indústria de transformação paulista – Conjuntura de Setembro
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3ª fase do programa Acordo Paulista é lançada na Fiesp e deve renegociar R$50 bilhões em dívidas de empresas
Evento contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas e da procuradora-geral do estado, Inês Coimbra
Lúcia Rodrigues
O governo paulista, por meio da Procuradoria-Geral do estado de São Paulo (PGE-SP), lançou na Fiesp, na segunda-feira (21/10), o terceiro edital do programa Acordo Paulista, voltado para empresas em recuperação judicial, liquidação judicial, liquidação extrajudicial ou falência, que possuam débitos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) inscritos em dívida ativa.
O terceiro edital oferece condições especiais que incluem descontos de 100% nos juros, multas e demais acréscimos; parcelamento em até 145 vezes sem entrada, com limite mínimo de parcela de R$500,00; e utilização de créditos acumulados de ICMS e créditos em precatórios, com limite máximo de desconto de 70% do valor total do crédito. As adesões ao programa são feitas de forma eletrônica no site Acordo Paulista, e vão até 31 de janeiro de 2025.
A estimativa do governo estadual é que cerca de R$50 bilhões em 73.824 débitos de 3.103 empresas poderão ser negociados.
Para o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, a medida é absolutamente importante. “Ela facilita o ambiente de negócios fazendo com que o estado de São Paulo, que já é a locomotiva do Brasil, continue crescendo e se desenvolvendo”.
Segundo Josué, o estado de São Paulo tem sido muito eficaz nas medidas que têm sido adotadas para o seu desenvolvimento. “Não tenho dúvidas que hoje, qualquer investidor que pense em investir no Brasil, olha primeiro para o estado de São Paulo, não só pela sua infraestrutura, pela qualidade da sua educação, mas principalmente pelo governo paulista não tornar litígios desnecessários, algo que só atravanca o Poder Judiciário”, concluiu.
Com essa iniciativa, segundo o governador Tarcísio de Freitas, o governo do estado reforça seu compromisso com a modernização da tributação e o apoio ao desenvolvimento econômico, proporcionando um ambiente mais favorável para empreendedores e empresas em São Paulo.
“Com o Acordo Paulista, a empresa tem a possibilidade de resolver sua situação e pensar no futuro. Liberar capital e ter previsibilidade para fazer investimentos, aumentar estoque e linha de produção e contratar pessoas”, afirmou Tarcísio.
De acordo com o presidente do Ciesp, Rafael Cervone, entre janeiro e agosto de 2024, as recuperações judiciais aumentaram 78,3%, conforme o Indicador de Falência e Recuperação Judicial da Serasa Experian. Durante esse período, foram registrados 1.480 pedidos de recuperação judicial, superando os 1.405 pedidos contabilizados durante todo o ano de 2023.
Cervone disse ainda que micro e pequenas empresas lideraram as solicitações, representando 72% das ocorrências evidenciando a vulnerabilidade desses negócios.
“Além disso, 130 grandes empresas também buscaram essa medida neste ano, o que ressalta a gravidade da situação em diversos setores”, ressaltou Cervone.
Para o presidente do Ciesp, o endividamento das empresas no Brasil tem se tornado uma preocupação crescente, agravado pela queda nas vendas e pelo aumento das taxas de juros. “Esses fatores impactam diversos setores da economia, incluindo comércio, serviços e indústria”, avaliou Cervone.
Segundo Inês Coimbra, procuradora-geral do estado de São Paulo, o Acordo Paulista traz melhores condições para as empresas retomarem suas atividades e preservar seus empregos.
A exemplo do que aconteceu na primeira fase do programa, com o apoio da Fiesp, equipes da Procuradoria-Geral do estado, especializadas na área tributária-fiscal vão percorrer algumas das sedes regionais do Ciesp para divulgar e tirar dúvidas dos empresários e associações locais sobre a nova etapa.
A primeira fase do Acordo Paulista tratou de dívidas de ICMS e já alcançou a marca de R$ 45.7 bilhões negociados. A previsão de arrecadação é de R$14 bilhões.
A segunda fase, que vai até 20 de dezembro, tem como foco o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), com mais de 16 mil débitos já renegociados, de acordo com a Procuradoria.