Produção industrial recua 0,1% em fevereiro
Para 2025, a Fiesp mantém projeção de crescimento de 1,3% para a produção industrial
- A produção industrial recuou 0,1% em fevereiro de 2025, após ficar estável no mês anterior, dados com ajuste sazonal.
- Entre os setores, 14 dos 25 ramos pesquisados apresentaram redução na produção em fevereiro. As principais influências negativas foram registradas por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%), máquinas e equipamentos (-2,7%) e produtos de madeira (-8,6%). Por outro lado, entre as onze atividades que exibiram aumento na produção, os principais destaques foram a indústria extrativa (+2,7%) e produtos alimentícios (+1,7%).
- A intensificação do aperto monetário, as condições financeiras restritivas e o menor impulso fiscal tendem a impactar o setor ao longo de 2025. Contudo, medidas do governo para estimular a demanda, como a liberação de recursos do FGTS e o crédito consignado privado, constituem vetores altistas para a atividade em 2025.
- A projeção da Fiesp para o crescimento da produção industrial neste ano é 1,3%.
Análise de desempenho
A produção industrial diminuiu 0,1% em fevereiro de 2025, após ficar estável em janeiro, considerando dados sem efeitos sazonais. O resultado veio abaixo da projeção da Fiesp (+0,4%) e da expectativa do mercado (+0,3%). Esse desempenho foi influenciado pela queda da indústria de transformação (-0,5%) e pelo aumento da indústria extrativa (+2,7%) no mês. Com esse resultado, a produção industrial registra o quinto mês consecutivo sem crescimento.
Gráfico 1 – Produção Industrial – Indústria Geral
Variação mensal
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE
Em comparação com fevereiro de 2024, houve aumento de 1,5% da produção industrial. Na variação acumulada em 12 meses, é registrada alta de 2,6%, ritmo de crescimento mais baixo que o observado em janeiro nessa mesma métrica (+2,9%) – Gráfico 2.
Gráfico 2 – Produção Industrial – Indústria Geral
Variação acumulada em 12 meses
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE
O resultado da atividade industrial na passagem para janeiro foi influenciado pela redução na produção de 14 dos 25 setores pesquisados. Entre os segmentos, as influências negativas mais importantes foram assinaladas por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%), máquinas e equipamentos (-2,7%) e produtos de madeira (-8,6%). Por outro lado, entre as 11 atividades que exibiram aumento na produção, os principais destaques foram a indústria extrativa (+2,7%) e produtos alimentícios (+1,7%).
Em relação às grandes categorias econômicas, na comparação com janeiro e sem influências sazonais, bens de consumo duráveis (-3,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,8%) apresentaram retração em fevereiro. Por outro lado, tanto os setores produtores de bens de capital quanto os de bens intermediários registraram crescimento de 0,8% no mês.
Análise do cenário pela Fiesp
Em fevereiro, permaneceu dominante o conjunto de setores acelerando (Forte e Muito Forte) ou em estabilidade em relação a sua média histórica (Neutro), conforme mostra o Mapa de Calor da Indústria– Figura 1. Dos 25 segmentos analisados em fevereiro de 2025, 14 estavam acelerando, 9 neutros e 2 desacelerando. Cabe observar, no entanto, que o resultado agregado (indústria geral) sinaliza acomodação, ao passar a indicar estabilidade (neutro) em fevereiro.
Figura 1 – Mapa de Calor da Indústria (Fev/24 – Fev/25)
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE
Para 2025, o cenário esperado é de desaceleração da atividade industrial, como resultado, sobretudo, da política monetária contracionista em um ambiente marcado por condições financeiras já restritivas. O elevado patamar das taxas de juros – tanto internacionais quanto domésticas – é o principal fator que explica a manutenção das condições financeiras em campo restritivo.
Além disso, o ano também deverá ser marcado por um ambiente externo mais adverso, principalmente devido à elevação da incerteza econômica nos EUA e ao aumento da incerteza do comércio mundial, em contexto marcado pelas dúvidas em torno da condução da política comercial americana e seus potenciais efeitos macroeconômicos. Dessa forma, esse cenário externo mais adverso corresponde a um desafio adicional para a atividade industrial e, em especial, para setores que eventualmente sejam diretamente afetados pelas tarifas.
Por outro lado, medidas do governo federal para estimular a demanda, como a liberação de recursos do FGTS para trabalhadores demitidos que realizaram o saque aniversário, da ordem de R$ 12 bilhões, e a criação do crédito consignado privado, com linhas de empréstimos com juros mais baixos, constituem vetores altistas para a atividade em 2025.
Nesse contexto, a Fiesp mantém a projeção de crescimento de 1,3% para a produção industrial em 2025, após avanço de 3,1% em 2024.
Foto: Envato